Escrito por em 08/07/2019

Você já se perguntou quais são os chás mais amargos? Algumas infusões ganham esse sabor por pequenos erros cometidos no momento do preparo. No entanto, o amargor é um traço característico de outras bebidas feitas com plantas.

É verdade que nem todo mundo gosta de tomar uma bebida com sabor forte e amargo, coisa que faz muita gente torcer o nariz. Contudo, saiba que esses chás possuem diversas propriedades medicinais e que fazem bem para o organismo.

Entre os principais efeitos positivos dessas bebidas está a melhora do trato gastrointestinal, uma vez que a maioria delas é rica em substâncias que conseguem estimular a produção do ácido gástrico e da bile.

Além disso, algumas delas ainda ajudam no combate à infecções, protegem o fígado e podem potencializar o processo de emagrecimento.

Diante de tantos benefícios, até vale a pena colocá-las na lista de chás para tomar. Por isso, separamos para você quatro tipos de chás que são amargos, mas trazem vários benefícios para a saúde. Continue lendo e aprenda mais sobre eles!

Quais são os tipos de chás mais amargos?

1. Artemísia

A artemísia (artemisia vulgaris), também conhecida como losna ou erva-de-são-joão, é uma planta bastante conhecida pelo sabor amargo e suas diversas propriedades medicinais.

Chá e flores de artemísia

A artemísia rende um chá amargo, mas que reduz gases intestinais e dores musculares (Foto: depositphotos)

O sabor amargo da erva é derivado, principalmente, de duas substâncias amargas. A primeira é encontrada em maior quantidade na planta, a absintina.

Já o segundo composto chama-se artabsina, que é um flavonoide. Essa substância é um tipo de composto aromático e de pigmentos naturais que é o responsável pela tonalidade azulada das folhas da artemísia. (1)

Um dos principais benefícios do chá de artemísia é devido à propriedade hepatoprotetora da erva.

Ou seja, ela é rica em compostos que protegem o fígado contra os danos causados pelo abuso de substâncias, como álcool e medicamentos, e também do acúmulo de gordura e ação de microrganismos. (2)

Além disso, o chá de losna é bastante utilizado como um estimulante da digestão. Por ajudar na produção do ácido gástrico, ele também ajuda a reduzir os gases intestinais e ainda serve para aliviar desconfortos intestinais.

Uma outra indicação popular para a infusão é no tratamento de dores musculares, inclusive de cólicas menstruais. Também é usada para regular o ciclo menstrual, por agir como um poderoso estimulante uterino e ser um poderoso analgésico natural.

A bebida feita a partir das folhas da erva também age impedindo a proliferação de microrganismos que causam infecções, ajuda a diminuir as náuseas e melhora a qualidade do sono, por ser um calmante leve.

Mas apesar de todos esses benefícios, o chá não deve ser utilizado durante a gravidez, amamentação e nem por pessoas que tenham problemas gastrointestinais, como úlceras gástricas, devido ao aumento do ácido estomacal.

O uso dela não deve ser feito por períodos prolongados, pois a artemísia contém substâncias que podem causar danos ao sistema nervoso, quando consumida em excesso. Por isso, ela também é proibida para quem tem epilepsia. (1)

Veja como preparar a infusão!

Ingredientes

  • 1 litro de água filtrada
  • 1 colher (de sopa) de folhas de artemísia.

Modo de preparo

Leve a água e a artemísia ao fogo até levantar fervura. Quando começar a borbulhar, desligue o fogo e tampe a panela por cerca de 10 minutos. Logo depois, basta coar e beber até três xícaras por dia, sem adoçar.

2. Dente-de-leão

Outro chá bastante amargo é o de dente-de-leão, planta que é considerada uma erva-daninha no Brasil, porém possui diversas propriedades medicinais importantes.

O taxaracum offinale, também conhecido como amargosa, possui esse sabor por causa da presença de substâncias conhecidas como lactonas sesquiterpênicas.

Chá e flores de dente-de-leão

Chá de dente-de-leão é indicado para quem deseja perder peso de maneira saudável (Foto: depositphotos)

Essas substâncias de nome complicado são produzidas naturalmente por algumas espécies de vegetais e servem para proteger a planta contra predadores. Por isso, o sabor é bastante amargo. (3)

O chá da erva pode até não possuir um sabor que agrade a todo mundo, mas é cheio de benefícios, especialmente na redução da gordura corporal.

Isso acontece porque o dente-de-leão carrega em suas folhas um composto chamado ácido clorogênico. Ele impede que o fígado libere uma enzima responsável por transformar o carboidrato em glicose.

Dessa maneira, o corpo usa o açúcar ingerido mais rápido e precisa buscar outras fontes de energia, que vem das gorduras. Com isso, a infusão favorece a redução de colesterol e do sobrepeso, uma vez que aumenta a queima da gordura corporal.(4)

O chá de dente-de-leão ainda atua como um anticancerígeno e anti-diabético, por causa do ácido clorogênico. Ainda age contra infecções e protege o corpo contra o estresse oxidativo. (3)

Outro ponto positivo para a infusão é que ela possui diversos nutrientes, como as vitaminas A, B1, C, D e PP. Além de minerais como ferro, cobre e potássio. Sendo também um poderoso agente diurético, aumenta a quantidade de urina, e tem efeito laxante.

Como também é utilizado na alimentação, o dente-de-leão não possui contraindicações. No entanto, é preciso tomar cuidado pois a erva pode causar alergia.

O excesso dela pode causar ainda queda da pressão arterial, por causa do efeito diurético, e irritação do trato gastrointestinal. Por isso, é preciso consumir com cuidado.(5)

Ingredientes

  • 1 litro de água filtrada
  • 2 colheres (de sopa) de dente-de-leão.

Modo de preparo

Leve todos os ingredientes ao fogo em uma panela. Quando levantar fervura, desligue e tampe, deixando a infusão abafada por cerca de 10 minutos. Após isso, é só coar e tomar o chá no máximo três vezes ao dia.

3. Carqueja

A Baccharis trimera, conhecida popularmente como carqueja, é outra erva que produz um chá bastante amargo.

Isso, assim como nas ervas já citadas, é derivado da composição da planta, rica em flavonoides e sesquiterpenos. Como já foi mencionado anteriormente, essas substâncias produzem o amargor como uma defesa para a planta. (6)

Chá de carqueja no bule

Mesmo sendo benéfico, chá de carqueja deve ser evitado por grávidas (Foto: depositphotos)

Contudo, mesmo não tendo um sabor tão agradável, o chá de carqueja traz uma série de benefícios para a saúde. Sendo que os principais são para o trato gastrointestinal, que inclui órgãos como estômago, fígado e intestinos.

Por esse motivo, a infusão é bastante indicada para estimular a digestão ou no tratamento de úlceras gástricas. Isso porque, além de proteger o estômago também acelera a cicatrização das lesões existentes. (7)

A bebida ainda acelera o processo de emagrecimento. Isso acontece porque a erva estimula o funcionamento do intestino, diminuindo os inchaços causados pela prisão de ventre e ainda reduz o apetite.

Além disso, essa infusão favorece a queima de gordura, principalmente a que fica acumulada na região abdominal. Desse modo, melhora também o funcionamento do fígado, que é um dos órgãos mais afetados pelo problema. (8)

Por fim, a carqueja é ainda um potente diurético, sendo indicada para estimular o funcionamento dos rins e protege o corpo contra infecções, por conta das propriedades antibacterianas e antifúngicas.

No entanto, é sempre importante lembrar que existem algumas contraindicações. Mulheres grávidas devem evitar consumir a erva, pois a mesma é abortiva.

Pessoas que sofrem com hipoglicemia, ou seja, glicose baixa, também devem evitar porque a carqueja provoca a diminuição dos níveis de açúcar no sangue. (9) Você viu os benefícios, agora confira como preparar o chá de carqueja!

Ingredientes

  • 1 litro de água filtrada
  • 2 colheres (de sopa) de carqueja.

Modo de preparo

Leve a água ao fogo até que levante fervura e desligue quando começar a borbulhar. Em seguida, acrescente as folhas de carqueja e deixe a panela tampada por cerca de 10 minutos.

Por fim, basta coar e tomar uma xícara após as refeições, respeitando o limite de, no máximo, três xícaras por dia.

4. Boldo

O boldo (Peumus boldus) também possui grandes quantidades das substâncias conhecidas como sesquiterpenos e também alguns tipos de flavonoides.

Por isso, o chá preparado com as folhas da erva costuma ser bastante amargo, o que não agrada a todos paladares. (10)

Chá de boldo no bule

Apesar do gosto amargo, o chá de boldo é uma excelente opção para tratar problemas digestivos (Foto: depositphotos)

No entanto, assim como as outras ervas dessa lista, ele também é cheio de propriedades medicinais que fazem bem para a saúde. Em especial para o estômago, já que a infusão ajuda na digestão e evita a formação de gases.

Além disso, o boldo tem a capacidade de prevenir a formação de úlceras. Já por ser antibacteriano, ele impede a proliferação de bactérias danosas ao organismo.

Outro ponto positivo em consumir a infusão é que ela é analgésica, diminuindo as dores de maneira natural. (11)

O fígado é outro órgão protegido pelos componentes do boldo. Quando consumida em infusões, a erva não apenas protege o fígado contra danos causados pela ingestão de álcool e medicamentos, mas também estimula o funcionamento do órgão.

Isso porque, o boldo consegue estimular a produção de bile, líquido que funciona como um detergente e é essencial na digestão e absorção da gordura ingerida através da alimentação. (10)

Outro benefício do consumo da erva é para quem sofre com a diabetes. Isso porque, o chá de boldo ajuda a diminuir a glicose no sangue e é anti-inflamatório. Essas duas propriedades ajudam a controlar a doença e a diminuir os danos causados pelo excesso de açúcar no sangue. (12)

Entretanto, mesmo que a planta apresente todos esses benefícios, é preciso ter atenção com as contraindicações. Por exemplo, grávidas, mulheres em fase de amamentação e crianças pequenas não devem consumir o boldo pelos altos riscos de aborto e aumento das cólicas.

Pessoas que fazem uso de medicamentos controlados devem consultar um médico antes de começar a consumir o boldo, pois a erva pode interagir com alguns tipos de substâncias. (11)

Ingredientes

  • 1 xícara de água filtrada
  • 1 colher (de chá) das folhas de boldo.

Modo de preparo

Basta aquecer a água até que comece a ferver. Em seguida, acrescente o boldo e tampe o recipiente. Com o fogo desligado, deixe em infusão por cerca de 10 minutos.

Por fim, basta coar e consumir a bebida ainda quente e sem adoçar. O consumo deve ser de no máximo três xícaras por dia, após as principais refeições.

Referências científicas

(1) MELO, Sónia Raquel Ferreira de. “Determinação in vitro da atividade antibacteriana de artemísia vulgaris, coptis chinensis e scutellaria barbata: comparação entre infusão, decocção e óleo essencial“. Universidade do Porto, 2014. Disponível em: https://sigarra.up.pt/faup/en/pub_geral.pub_view?pi_pub_base_id=33840. Acesso em 3 de julho de 2019.

(2) GILANI, AH.; YAEESH, S.; JAMAL, Q.; GHAYUR, MN. “Hepatoprotective activity of aqueous-methanol extract of Artemisia vulgaris“. Phytotherapy Research, v.19, n.2, p.170-172, fevereiro de 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ptr.1632. Acesso em 3 de julho de 2019.

(3) PINHO, Cláudia; OLIVEIRA, Ana Isabel. “Potencial aplicação nutracêutica do dente-de-leão (Taraxacum hispanicum)“. Março de 2019. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.22/13720. Acesso em 3 de julho de 2019.

(4) CHOI, Ung-Kyu et al. “Hypolipidemic and Antioxidant Effects of Dandelion (Taraxacum officinale) Root and Leaf on Cholesterol-Fed Rabbits“. International Journal of Molecular Sciences, v.11, n.1, p.67-78, [2010]. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijms11010067. Acesso em 3 de julho de 2019.

(5) RIBEIRO, Marilena; ALBIERO, Adriana L. M.; MILANEZE-GUTIERRE, Maria Auxiliadora. “Taraxacum officinale Weber (Dente-de-leão) – Uma revisão das propriedades e potencialidades medicinais“, 2004. Disponível em: http://ojs.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/20552/10786. Acesso em 3 de julho de 2019.

(6) FACHINETTO, J.M.; TEDESCO, S.B. “Atividade antiproliferativa e mutagênica dos extratos aquosos de Baccharis trimera (Less.) A. P. de Candolle e Baccharis articulata (Lam.) Pers. (Asteraceae) sobre o sistema teste de Allium cepa“. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.11, n.4, p.360-367, 2009. Disponível em: http://www.sbpmed.org.br/download/issn_09_4/art_02_360_367.pdf. Acesso em 3 de julho de 2019.

(7) LÍVERO, Francislaine Aparecida dos Reis et al. “Hydroethanolic extract of Baccharis trimera promotes gastroprotection and healing of acute and chronic gastric ulcers induced by ethanol and acetic acid“. Naunyn-Schmiedeberg’s Arch Pharmacol, v.389, n.9, p.985-998, setembro de 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00210-016-1262-2. Acesso em 3 de julho de 2019.

(8) FIGUEIREDO, Alan Peloso; PEREIRA, Ricardo de Souza. “Estudo dos efeitos de cápsulas de carqueja (Baccharis trimera (LESS) D.C.) sobre o metabolismo lipídico de pacientes em processo de emagrecimento“. 2011. Disponível em: https://periodicos.uniformg.edu.br:21011/ojs/index.php/conexaociencia/article/view/69. Acesso em 3 de julho de 2019.

(9) FLORIEN. “Carqueja“. 2016. Disponível em: http://florien.com.br/wp-content/uploads/2016/06/CARQUEJA.pdf. Acesso em 3 de julho de 2019.

(10) FIGUEIREDO, Maria Bernadete Galrão de Almeida et al. “The effect of the aqueous extract Peumus boldus on the proliferation of hepatocytes and liver function in rats submitted to expanded hepatectomy“. Acta Cir. Bras.,  São Paulo , v. 31, n. 9, p. 608-614, Sept.  2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-865020160090000006. Acesso em 3 de julho de 2019.

(11) FRUTUOSO, V.S. et al. “Analgesic and anti-ulcerogenic effects of a polar extract from leaves of Vernonia condensata“. Plant Medicinal, v.60, n.1, p. 21-25, 1994. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8134411. Acesso em 3 de julho de 2019.

(12) HERNÁNDEZ-SALINAS, Romina et al. “Boldine Prevents Renal Alterations in Diabetic Rats“. Journal of Diabetes Research, vol. 2013, Article ID 593672, 12 pages, 2013. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/jdr/2013/593672/. Acesso em 3 de julho de 2019.

ATENÇÃO: Nosso conteúdo é apenas de caráter informativo. Todo procedimento deve ser acompanhado por um médico ou até mesmo ditado por este profissional.

Sobre o autor

Jornalista com formação completa no curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo (UniFavip-DeVry). Experiência prática de dois anos em produção jornalística para TV e rádio (Mtb-PE: 6770). Atualmente atua na área de redação para web, nas áreas de educação, beleza e saúde alternativa. Além da formação no curso superior, possui experiência em produção de vídeo, diagramação de livros e revistas e marketing.