Nesse artigo, você vai conhecer 4 chás para tratar os sintomas da enxaqueca e como prepará-los. Veja também outras dicas e recomendações para aliviar e prevenir esse problema. Confira a seguir!
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, existem mais de 150 tipos de dor de cabeça já identificados. Entre elas está a enxaqueca, que é uma das dores mais fortes e incômodas. Estima-se que essa doença neurológica atinge cerca de 15% da população mundial, sendo que só no Brasil são mais de 30 milhões de pessoas sofrendo com esse problema.
Muito além de um simples desconforto, a enxaqueca também interfere na qualidade de vida. A prova disso é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) a incluiu no rol de doenças mais incapacitantes do mundo.
Pesquisas revelam que cerca de 90% das pessoas que sofrem desta patologia têm algum prejuízo no trabalho, nos estudos e até mesmo nas atividades de lazer e na vida sexual.
4 chás para ajudar no tratamento da enxaqueca
Os chás para enxaqueca são recursos naturais e acessíveis na luta contra este problema. Algumas ervas podem ajudar tanto a aliviar os sintomas, como também a prevenir as crises.
Porém, é sempre bom lembrar que o consumo de plantas com propriedades medicinais necessita de muito cuidado e de orientação de um especialista, principalmente nos casos de gestantes, lactantes ou quem toma remédio controlado. Vamos aos chás:
1- Chá de alfazema (Lavandula officinalis)
De acordo com a apostila de fitoterapia da USP, o chá de alfazema é um ótimo aliado no combate a estas dores de cabeça. Ele tem propriedades relaxantes, calmantes, antiespasmódicas, analgésicas e antidepressivas.
Para preparar, coloque 1 colher (de sopa) de flores secas de alfazema em 1 xícara de água fervente, abafe e deixe descansar por 5 a 10 minutos. Depois, é só coar e beber de 2 a 3 vezes por dia, enquanto os sintomas da enxaqueca persistirem.
Este chá também pode ser usado como compressa na testa. Para fazer, pegue uma gaze ou toalha limpa, faça de 4 a 6 dobras e molhe-a no chá. Aplique na testa, ainda quente, durante 30 minutos. Sempre que a gaze perder o calor, deve ser novamente embebida e colocada na testa.
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2- Chá de arruda (Ruta graveolens)
Apesar de ser uma erva muito conhecida e utilizada para espantar o mau olhado, a arruda também é ótima para casos de enxaqueca e o seu chá também é indicado na apostila da USP.
Entre as propriedades da arruda estão sua ação analgésica, anti-inflamatória, calmante, febrífuga, vermífuga e fortificante.
Para preparar, ferva 1 xícara de água e acrescente 1 colher (de sobremesa) das folhas frescas da arruda. Abafe e deixe descansar por 15 a 20 minutos. Depois, coe e beba até 3 xícaras ao dia.
3- Chá de tanaceto (Tanacetum parthenium)
O tanaceto tem sido muito utilizado para prevenir a enxaqueca. Segundo um artigo do curso de nutrição da Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI, sobre o uso da alimentação e de fitoterápicos no tratamento da enxaqueca, o efeito dessa erva se dá pela inibição da liberação plaquetária de serotonina.
A serotonina é um hormônio que está diretamente relacionado com as enxaquecas, já que provoca contrações e dilatações das artérias cerebrais.
Além disso, o tanaceto também relaxa a musculatura, elimina a dor e aumenta o fluxo sanguíneo. Devido a essas atuações, ele tem mostrado bastante eficácia na redução da frequência e intensidade das crises de enxaqueca, incluindo seus outros sintomas, como náuseas e vômitos.
Para preparar, pode-se usar a proporção de 5g das folhas para 300ml de água. Coloque as folhas numa xícara e ferva a água em uma panela. Depois, despeje a água fervente na xícara com as folhas, tampe e deixe repousar por 5 a 10 minutos. Em seguida, é só coar e beber.
É uma bebida com sabor forte e amargo, portanto, pode ser adoçada com mel ou stévia. Esse chá também poder ser usado para fazer compressas na testa.
4- Chá de gengibre (Zingiber officinale)
O gengibre também é utilizado no tratamento da enxaqueca. De acordo com o artigo da UNIVALI, ele possui propriedades anti-inflamatórias, pois bloqueia a síntese da prostaglandina, substância que causa inflamação.
Além disso, o gingerol, um dos componentes do gengibre, se comporta quimicamente semelhante à aspirina, atuando na redução da inflamação e da dor.
A receita é simples: para 500ml de água, rale ou pique 25g de gengibre fresco. Coloque o gengibre na água e deixe ferver a mistura por 15 a 20 minutos. Depois, é só coar e beber. É aconselhado tomar 3 vezes por dia.
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Sintomas da enxaqueca
É importante não confundir a enxaqueca com outros tipos de dores de cabeça. Segundo o neurologista Leandro Teles, a enxaqueca é uma dor latejante, de intensidade forte e que, geralmente, afeta apenas um lado da cabeça.
A duração varia de 4 horas, podendo chegar a 72 horas quando não medicada e, muitas vezes, os sintomas só diminuem com o recolhimento a um quarto escuro.
“A enxaqueca também está associada a outros sintomas, como: náuseas, sensibilidade à luz, ruídos e cheiro fortes, que pioram com as atividades do dia a dia. Alguns pacientes também apresentam alterações visuais ou neurológicas transitórias antes do início da dor”, acrescenta o médico. Essas sensações que precedem a dor são chamadas de aura.
Porém, o diagnóstico não é tão simples, ele é baseado na frequência desses sintomas e numa análise mais completa do paciente.
“Para o diagnóstico preciso, é fundamental a manifestação crônica e recorrente, sem nenhuma evidência de outra doença que possa explicar os sintomas. Não precisa ter todos os critérios acima, mas uma boa parte deles deve estar presente”, explica Leandro.
O que pode causar enxaqueca?
As causas são variadas, mas o neurologista afirma que a enxaqueca tem caráter genético e que fatores externos também podem aumentar as chances de seu aparecimento.
“A genética torna o indivíduo mais sensível a fatores ambientais que levam ao surgimento de uma crise. Os principais fatores do ambiente envolvidos são: stress, distúrbios do sono, oscilação hormonal, alimentação (cafeína, queijos amarelos, embutidos, condimentos, vinho tinto, entre outros), consumo de álcool, ansiedade, depressão, alterações climáticas, etc”, aponta.
As crises também podem ser desencadeadas por maus hábitos, que estão relacionados com a rotina corrida dos tempos modernos, como: jejum prolongado, abstinência de cafeína, fadiga e desgaste emocional, excesso no consumo de gordura, obesidade e alterações e distúrbios orofaciais.
O sexo feminino é o mais atingido. Leandro revela que apenas 10% dos homens são afetados, enquanto que as mulheres são três vezes mais predispostas; 30% delas, em idade fértil, sofrem com enxaqueca. Já em relação às crianças, os índices chegam a 8%.
“Essa predisposição das mulheres é, em grande parte, explicada pela oscilação do hormônio estrógeno, que ocorre no período fértil. Por essa relação com o ciclo reprodutivo, as mulheres tendem a piorar no período pré-menstrual, no primeiro trimestre da gravidez e melhoram, em alguns casos, após a menopausa”, explica o médico.
Tipos de tratamento
Como explicado anteriormente, a enxaqueca possui uma relação muito grande com o estilo de vida e, por isso, geralmente, o tratamento é realizado de maneira multidisciplinar. Portanto, não é só o neurologista que atua, mas também o nutricionista, o psicólogo e, alguns casos, o fisioterapeuta e o odontologista.
Existem diversas formas de tratamento para a enxaqueca, entre elas estão: medicações, fitoterápicos, neuroestimulador periférico, bloqueios anestésicos, acupuntura, toxina botulínica, etc.
“O tratamento mais efetivo para crises de enxaquecas intensas ou muitos frequentes é a profilaxia. Neste caso, utilizamos medicamentos diariamente, em doses baixas, para evitar que a dor se inicie. A escolha do medicamento é feita baseada no perfil de cada paciente e nos efeitos colaterais. A profilaxia é utilizada pelo período mínimo de 6 meses e pode ser descontinuada a critério médico”, expõe Leandro.
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Cada paciente precisa ter o seu tratamento personalizado, deve-se fazer um planejamento terapêutico em cada consulta.
“Todo paciente precisa conhecer sua predisposição e quais estímulos ambientais ele deve evitar. Essa análise é feita caso a caso, pois nem todo mundo é sensível ao mesmo fator gatilho”, complementa o médico.
Além disso, o profissional diz que a enxaqueca não aparece nos exames. “A enxaqueca é uma disfunção da função do cérebro e de seus vasos, não é uma alteração estrutural fixa. Os exames são, geralmente, todos normais. O diagnóstico é feito pela história clínica e o exame físico e neurológico. O médico pedirá exames apenas em casos selecionados onde o risco de outras doenças estiver aumentado”, reitera.
Outro ponto importante é ter a consciência de que a enxaqueca não tem cura. “Não falamos em cura, falamos em controle dos sintomas. Como é uma predisposição genética, os sintomas podem voltar sempre que o tratamento for interrompido ou mesmo durante o tratamento. A meta é sempre reduzir a intensidade e a frequência da dor, de modo a restabelecer ao máximo a qualidade de vida. Sempre o paciente necessitará de acompanhamento, atenção aos hábitos de vida e terá fases melhores e piores com relação às dores de cabeça”, afirma Leandro.
Cuidado com a automedicação
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, um dos erros mais comuns para tratar essas dores é a automedicação. Quando a frequência das dores é baixa, dois ou menos episódios por mês, isto não acarreta maiores problemas. Porém, quando aparecem mais vezes, a automedicação pode piorar tanto a frequência, quanto a intensidade dos seus sintomas.
“A enxaqueca é um problema crônico e deve ser combatido com medidas de médio a longo prazo. Os analgésicos comuns cortam a dor, mas podem precipitar mais e mais crises, com piora da frequência das dores. Se estiver havendo uso acima de 2 comprimidos por semana de analgésicos, já consideramos abuso e uma intervenção médica mais radical deve ser tomada para solucionar o caso”, alerta Leandro.
Além disso, o uso abusivo destes medicamentos pode transformar uma dor de cabeça esporádica numa cefaleia crônica diária, que é uma das mais difíceis de tratar. A atitude mais correta é procurar um especialista para saber se a dor de cabeça recorrente pode ser diagnosticada como enxaqueca. A partir do diagnóstico, é possível adotar o tratamento preventivo e evitar as crises agudas.
Fique de olho na alimentação
A enxaqueca pode estar relacionada com a sua dieta. De maneira geral, os alimentos que causam enxaqueca são aqueles que estimulam o sistema nervoso central, além dos industrializados ricos em aditivos artificiais.
Portanto, quem tem predisposição, deve evitar consumir: queijos amarelos, chocolate, manteiga, carnes gordas, frituras, leite e derivados, embutidos (salame, presunto, salsicha, etc), pimenta, temperos prontos, frutas cítricas, bebidas alcoólicas, café, chás pretos e refrigerantes.
Entretanto, os alimentos que podem acarretar a dor variam de pessoa para pessoa. Sobre isso, Leandro orienta: “com relação aos alimentos, é fundamental mapear a dor e ver se ela responde a alguma restrição específica. O paciente deve ser acompanhado por um médico de confiança e anotar em um diário a evolução dos sintomas”.
Segundo o artigo das nutricionistas da UNIVALI, o envolvimento da alimentação com a enxaqueca ainda é motivo de debates. Mas, alguns estudos apostam em certos alimentos para ajudar no tratamento.
Dentre eles estão: arroz integral; vegetais cozidos, como brócolis, espinafre, acelga, cenoura; e as frutas. Por serem ricos em magnésio, eles reduzem o espasmo dos vasos arteriais e relaxam a musculatura tensionada. A pesquisa diz que um baixo nível de magnésio cerebral pode estar relacionado com a enxaqueca.
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Recomendações e cuidados
A principal recomendação para quem sofre de enxaqueca é mudar alguns hábitos de vida. Além de manter uma alimentação saudável, os exercícios físicos também podem ajudar a evitar as crises. “O exercício físico regular ajuda no controle da dor, assim como ter um sono adequado e controlar o peso”, reitera o neurologista.
Mas fique atento, exercitar-se durante uma crise de enxaqueca não é recomendado pelos médicos. “Durante uma crise, é fundamental que o paciente busque o repouso, evite lugares muito iluminados ou com ruídos e cheiros fortes. Pode usar compressas geladas na cabeça e técnicas de relaxamento”, indica o profissional.
Diferentemente do que muitos acreditam, viver com este problema não é comum e muito menos normal. Além disso, dor de cabeça constante também pode ser sinal de uma doença neurológica mais complexa, portanto, não tente relevar os sintomas. “Evite a automedicação e mantenha seu médico sempre informado”, reforça Leandro.